1 de agosto de 2007

Educação


A Extinção dos Professores no Rio Grande do Sul
por Felipe de Sousa Gonçalves


Pode-se dizer que é, no mínimo, infeliz a proposta da senhora governadora do estado do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, a de, no Ensino Médio, colocar até 50 alunos numa mesma sala de aula a fim de resolver o problema da falta de professores, que desde o início do ano, como em todos os anos e governos, vem se abatendo sobre a comunidade escolar gaúcha.

Isso é preocupante por vários motivos. O primeiro de todos eles é que, caso dê certo, será estendido também ao Ensino Fundamental. Aí o caos será total. Assim como se fala em apagão aéreo, aqui no estado teremos o apagão da educação. E essa medida começa logo pela parte do qual o estado é o responsável direto, o Ensino Médio, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A verdade é que esse "apagão" começou pela Universidade Estadual (UERGS) no governo Rigotto. O segundo motivo diz respeito aos educandos. Como é que essas criaturas vão aprender algo, competindo com mais 49 a atenção do professor?
Ao invés de a governadora resolver o problema contratando mais professores, extingue a possibilidade de contratá-los, aumentando a carga horária dos atuais docentes. Aumentando a carga horária, aumenta os problemas de saúde do educador gaúcho e, raras vezes, aumenta um pouco o salário e, já que o teto do parcelamento dos salários está diminuindo, atinge aos poucos esses professores – e demais servidores – que ganham pouco, para o pavor dessas tristes criaturas.
Enquanto o Palácio Piratini faz essas estripulias, o Governo Federal vem caminhando na direção oposta. O lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), aumenta o investimento na Educação Básica e define o piso salarial dos professores e, entre outras benesses. coloca pessoas nas Universidades, por meio do ProUni. Yeda não! Ela acaba com a Educação Básica e com a Uergs. As cotas nas universidades públicas estão sendo criadas, como na UFRGS, para melhorar a disparidade do ensino público e do privado. Com essas medidas, Yeda aumentará ainda mais essas diferenças, gerando a necessidade de mais cotas. Os investimentos do Governo Federal são, justamente, para que no futuro não haja as cotas, que todos sejam iguais.
Sem contar ainda, como já citado acima do parcelamento dos salários, que agora os servidores começam a pedir que a Corsan e a Ceee, não cobrem multas pelo atraso de pagamento e que o Banrisul, cujas ações entram na Bolsa de Valores hoje, também não cobre os juros do Cheque Especial. Banrisul este, que ela comprometeu-se a não vender durante a campanha eleitoral há 10 meses, e hoje se iniciou esse processo de forma velada.
Com todo esses percalços históricos que a categoria dos professores vêm enfrentando, somado-se a esse agora de enfrentar uma turma de 50 alunos, eu, particularmente, tenho pena de quem ainda está estudando para ser professor. E como não sabemos o amanhã, esses futuros professores podem muito bem cair na rede pública, para o seu desespero. Isso se até lá a profissão de professor ainda exista.
Felipe de Sousa Gonçalves
30/07/2007

Um comentário:

Anônimo disse...

depois do caos aéreo vem aí o educacional.... segura o brasil que eu quero ver!

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